Rabobank: Um olhar sobre a América Latina e o crescimento do cultivo da tilápia
O domínio da China sobre o comércio internacional da tilápia poderá em breve estar sob ameaça, de acordo com um novo relatório elaborado pelo Rabobank.
A produção mundial de tilápia aumentou em 11 % ao ano ao longo da última década, em grande parte graças ao aumento dos volumes que saem da China, de longe o maior produtor mundial da espécie, com uma produção de cerca de 1,5 milhões de toneladas (t) por ano.
No entanto, o mais recente relatório do Rabobank, “The Rise of the Chicken Aquatic,” traz previsões de que o rápido crescimento dos custos com alimentação e trabalho e uma mudança na política do governo chinês resultará em produtores chineses de tilápia cada vez menos competitivos ao longo do tempo. O relatório afirma que estes fatores-chave irão nivelar o crescimento e direcionar o foco dos produtores chineses mais para o mercado interno, o que provavelmente irá criar oportunidades para que outros produtores de tilápia entrem no mercado internacional.
“Embora os volumes provenientes da China sejam maiores do que os volumes de qualquer outro país, as margens de lucro são muito baixas, e a indústria como um todo tem tido perdas”, disse o relatório.
Além disso, o grupo bancário com sede na Holanda acredita que a competitividade dos chineses será mais impactada pela valorização do Yuan, pelo acesso limitado a água fresca e limpa dos produtores, bem como pelas questões de segurança alimentar aplicáveis aos produtos chineses nos principais mercados externos.
O relatório acrescenta também que os subsídios do governo da China criaram preços competitivos para o produto chinês, que é vendido como filés congelados nos Estados Unidos, o principal importador mundial de tilápia. No entanto, estes subsídios também representam um risco para o mercado, pois sua descontinuidade significaria aumento de custos.
Potencial para dobrar a produção
Os volumes globais de produção da tilápia aumentaram de pouco mais de 100.000 t em 1980 para 4.500.000 t em 2012 e o valor total estimado desta indústria é de USD 6,7 bilhões (EUR 5,8 bilhões).
“A indústria global da tilápia têm visto um forte crescimento em seus volumes, e – assumindo que não ocorra nenhum grande surto de doença ou outro evento negativo – há potencial para dobrar a produção para 9 milhões de t (peso vivo equivalente) em 2025”, diz o relatório do Rabobank.
Atualmente a produção comercial da tilápia ocorre em mais de 80 países, mas o Rabobank espera que a América Latina tenha o maior crescimento na próxima década. Ele projeta que a produção na região irá subir de 453.000 t (em 2012) para 2.000.000 t nos próximos 10 anos.
Tendo já dobrado a sua produção entre 2007 e 2012, os produtores latino-americanos estão em uma posição muito favorável devido à sua localização próxima ao mercado norte-americano, com custos trabalhistas competitivos (em comparação com a China), bem como seu excelente acesso a rações e recursos naturais.
A tilápia da América Latina é vendida fresca no mercado dos EUA e obtém um preço de USD 1 (EUR 0,86) mais alto do que os produtos congelados. No entanto, serviços auxiliares, tais como processamento, alimentação e logística vão precisar de mais desenvolvimento para atender o crescimento do setor, disse o Rabobank.
O relatório prevê que o Brasil irá continuar a ser o principal produtor de tilápia na região, produzindo mais de 1 milhão de toneladas em 2025, mas também espera que México e a Colômbia, aumentem a sua produção de forma significativa.
Na Ásia, também é esperado que produtores como Tailândia, Indonésia, Índia e Malásia intensifiquem a produção de tilápia nas próximas décadas.
O Egito, o segundo maior produtor de tilápia do mundo, deverá continuar na dianteira dos produtores da África e sua produção está crescendo a uma taxa de 15 % ao ano. Além disso, a produção de Gana tem crescido uma média de 39 % ao ano nos últimos cinco anos, embora a partir de um nível inicial baixo.
“Apesar da produção de peixes não ser um negócio isento de riscos, o futuro parece brilhante para tilápia”, de acordo com o relatório. “O que o frango tem sido para a indústria avícola, a tilápia pode ser para a aquicultura. Baixo custo das rações, estruturas simples de produção e o rápido crescimento contribuem para a sua popularidade entre os produtores, enquanto o seu leve sabor se torna popular entre os consumidores – características que o tornam muito parecido com o seu equivalente terrestre, o frango “.
O Rabobank no entanto reconhecer que, em média, o preço da tilápia atualmente é o dobro do filé de peito de frango, o que o torna “mais relevante” para compará-lo com outros produtos do mar.
Fonte: Tradução para o português do texto original publicado em 20 de janeiro de 2015 no site www.seafoodsource.com.
