O Vietnã quer que o pangasius siga o exemplo do frango
Peixes cultivados, particularmente o salmão, foram chamados de frangos da indústria de frutos do mar por causa da sua pronta disponibilidade e versatilidade em gerar produtos de valor agregado, mas o pangasius foi simplesmente rotulado como uma alternativa barata de peixe.
No entanto, a indústria vietnamita do pangasius está passando por uma grande mudança que vai alterar completamente a forma como este peixe é visto pelos mercados internacionais.
Em primeiro lugar, mais e mais consolidação está ocorrendo dentro do Vietnã. Isso significa que menos empresas, porém maiores, estão sendo formadas totalmente integradas, para que controlem todos os aspectos da produção a partir da incubação até a comercialização e venda do produto final.
Para fazer isso, é claro, se faz necessário um grande investimento, porque “o dinheiro fica nadando nas lagoas de oito a nove meses”, como dito por um executivo de uma das empresas do setor. Mas esse dinheiro agora está vindo de investidores de outros países, incluindo a Islândia, Tailândia, Holanda, Dinamarca, China e Japão.
Esses investidores estão estabelecendo estratégias e técnicas de marketing, que infelizmente foram ausentes no passado.
Nem todos os investidores estão envolvidos apenas na indústria de frutos do mar. A CP Foods da Tailândia, que é uma das maiores exportadoras de frango do mundo, que comercializa também peixes e camarão, construiu uma nova fábrica de processamento de pangasius no Vietnã.
A empresa pretende ser um dos maiores produtores de alimentos de valor agregado e sua visão incorpora a mensagem de que ela será a “Cozinha do Mundo.”
Esta é uma boa ideia do que está acontecendo na indústria vietnamita do pangasius. Ela está produzindo mais e mais produtos de valor agregado para exportação.
Uma dessas empresas é a Go Dang Seafood (Godaco), que colhe mais de 120 toneladas (t) de pangasius por dia (este montante está programado para aumentar substancialmente em 2015), o que ela processa nas suas quatro fábricas na província de Tien Giang, na região do Delta do Mekong. A empresa está construindo uma fábrica de agregação de valor ao pescado que deverá entrar em funcionamento no final de 2015.
“Na nova fábrica, vamos ser capazes de produzir peixe grelhado, defumado, e muitos tipos diferentes de produtos, total ou parcialmente fritos, bem como produtos de sushi”, disse Bruce Sato, conselheiro sênior de pesquisa e desenvolvimento de produtos.
A Godaco foi fundada em 1998 por Nguyen Van Dao, presidente e CEO, mas desde então a empresa tem atraído investidores da Islândia, Tailândia e Holanda, que também estão envolvidos na cadeia do frango.
Seu principal mercado é a União Europeia, para a qual está vendendo filés de pangasius IQF. “No entanto, com o nosso esforço para se tornar uma empresa de valor agregado, estamos visando abrir novos mercados, como o Japão e as Américas, com foco também nos mercados do Sudeste Asiático, com refeições prontas”, disse Sato.
“Para a linha de valor agregado temos sido bem sucedidos na produção de mais de 100 itens diferentes, dos quais alguns estarão indo para nossos principais mercados a partir 01 de janeiro de 2015.
“Basicamente, a nossa equipe de agregação de valor tem visto o panga (nome pelo qual o pangasius é cada vez mais conhecido) como uma galinha que nada, o que significa que qualquer produto de frango que esteja sendo vendido, podemos fazer com o panga. Estes incluem nuggets de panga, panga à milanesa com molho tártaro, peixe e batatas fritas, pastel de panga com molho de creme de leite, empadas de peixe panga, panga à milanesa. A lista é interminável.”
Apesar das infinitas possibilidades, de acordo com Sato, a ideia de se concentrar em produtos de valor agregado do pangasius ainda está engatinhando.
“A UE está impulsionando o mercado de valor agregado por padrão”, disse ele, “como a maioria dos compradores exigindo um tamanho muito específico de filé (120-220g), pagando um prêmio por isso, ou pelo menos um bom preço de mercado. Apesar do panga ser cultivado a tecnologia para seu cultivo ainda está em desenvolvimento e as empresas ainda não são capazes de controlar totalmente o crescimento dos peixes.
“Dependendo das fazendas, em algum momento são colhidos peixes de tamanho maior ou menor do que o demandado pela UE. Este peixe de tamanho fora do padrão é vendido em outros mercados geralmente a preços mais baixos.
“A fim de tentar maximizar os preços de venda algumas empresas já experimentaram alguns produtos preliminares de valor agregado. Agora, à medida que surgem grandes empresas com equipes de gestão internacionais, ou com joint venture internacional, mais foco está sendo dado a criação de produtos de valor agregado.
“Eu acredito que isso é uma coisa muito boa para a indústria do panga no Vietnã, de forma que as empresas podem usar as vantagens específicas do panga para vende-lo no mercado global. Com uma gestão internacional mais profissional o foco no panga está lentamente mudando para produtos de valor agregado “.
Talvez agora, finalmente, a indústria vietnamita do pangasius pode começar a expressar seu pleno potencial.
Fonte: Tradução para o português do texto original publicado em 08 de dezembro de 2014 no site www.seafoodsource.com.
